A cirurgia para epilepsia é uma opção segura e eficaz para pessoas que enfrentam crises recorrentes mesmo após o uso de medicamentos na dose correta.
Se você ou alguém próximo convive com epilepsia de difícil controle, entender como funciona essa abordagem pode trazer clareza e esperança para o tratamento.
Neste artigo, você vai descobrir quando a cirurgia é indicada, como ela é feita, quais são os riscos envolvidos e quem pode se beneficiar mais dessa intervenção. Boa leitura!
Quando a cirurgia para epilepsia é indicada
A cirurgia é considerada quando o paciente apresenta epilepsia refratária, ou seja, quando as crises continuam mesmo com o uso correto de dois ou mais medicamentos anticonvulsivantes.
Ela é especialmente indicada quando:
- O foco das crises está bem localizado no cérebro;
- O paciente tem crises frequentes que impactam a qualidade de vida;
- Há risco de dano neurológico progressivo pela continuidade das crises;
- O quadro foi avaliado por uma equipe especializada, com exames avançados.
Esse tipo de tratamento é personalizado. A cirurgia só é recomendada após uma investigação profunda sobre o funcionamento do cérebro e a origem exata das crises.
Como é feita a cirurgia para epilepsia?
A cirurgia começa muito antes do centro cirúrgico. O processo envolve uma avaliação multidisciplinar, com uso de exames que ajudam a identificar o foco epiléptico e garantir a segurança da abordagem.
Os principais exames realizados antes da cirurgia incluem:
- Ressonância magnética de alta resolução;
- Eletroencefalograma com vídeo (EEG);
- PET scan ou SPECT cerebral, que mostram áreas com alteração de atividade;
- Testes neuropsicológicos, que avaliam linguagem, memória e raciocínio.
A partir dessas informações, o neurocirurgião escolhe a técnica mais adequada para o caso.
Tipos de cirurgia para epilepsia mais utilizados
Cada técnica tem objetivos diferentes e será indicada de acordo com o tipo de epilepsia e a região cerebral afetada. Veja as principais:
Lobectomia temporal ou ressecção do foco epiléptico
A lobectomia temporal é a forma mais comum de cirurgia para epilepsia, especialmente indicada para pacientes com epilepsia do lobo temporal mesial, que é o tipo mais prevalente entre os casos refratários.
Nesse procedimento, o neurocirurgião remove a região do cérebro onde as crises têm origem, geralmente o hipocampo, a amígdala e partes do lobo temporal medial.
O grande diferencial dessa abordagem é que, quando o foco é bem definido e não afeta áreas críticas da linguagem ou memória, as chances de controle total das crises superam 70%.
Além disso, muitos pacientes apresentam melhora significativa na qualidade de vida, podendo reduzir ou até suspender o uso de medicamentos após o período de adaptação.
A avaliação pré-operatória é essencial para garantir que essa técnica seja segura e eficaz para o caso específico.
Calosotomia
A calosotomia é indicada quando não há um foco único definido ou quando o paciente apresenta crises generalizadas graves, como as convulsões tônico-clônicas, crises atônicas, que podem causar lesões físicas frequentes.
Durante o procedimento, o corpo caloso, estrutura que conecta os dois hemisférios cerebrais, é parcialmente seccionado em uma região específica, impedindo que a atividade elétrica anormal se espalhe de um lado para o outro do cérebro.
O objetivo principal da calosotomia não é eliminar completamente as crises, mas reduzir sua intensidade e frequência, especialmente aquelas que provocam quedas súbitas.
É uma cirurgia indicada para quadros mais complexos, geralmente em crianças ou adultos com epilepsia multifocal que não podem se beneficiar de uma ressecção tradicional.
Ainda assim, pode representar uma melhora considerável na segurança e autonomia do paciente que opta por esse procedimento.
Estimulação do nervo vago (VNS)
A estimulação do nervo vago é uma alternativa terapêutica para pacientes que não possuem indicação para cirurgia ressectiva ou não desejam passar por uma intervenção cerebral invasiva.
Nesse procedimento, o cirurgião implanta um pequeno gerador, semelhante a um marcapasso, no tórax do paciente.
Um fio condutor é ligado ao nervo vago no pescoço, e o dispositivo envia impulsos elétricos em intervalos regulares, com o objetivo de modular a atividade elétrica cerebral e reduzir a frequência, duração e gravidade das crises.
O tratamento com VNS é aprovado para uso em adultos e crianças acima de 4 anos com epilepsia refratária. Embora raramente elimine totalmente as crises, pode oferecer uma redução significativa dos episódios ao longo do tempo e melhora de outros aspectos como memória e cognição.
Por ser ajustável e reversível, o VNS é bem tolerado e frequentemente associado a melhorias na atenção, sono e humor dos pacientes.
Quais são os riscos da cirurgia para epilepsia?
A cirurgia é segura quando realizada por equipes especializadas, mas, como todo procedimento, envolve riscos. Os principais são:
- Infecções ou sangramentos;
- Déficits neurológicos temporários ou permanentes, como alterações na fala ou na memória;
- Persistência das crises em alguns casos;
- Reações à anestesia.
Por isso, o acompanhamento com um neurocirurgião experiente, que domine tanto as técnicas cirúrgicas quanto o planejamento neurofuncional, é essencial para reduzir esses riscos.
Recuperação e resultados esperados
Após a cirurgia, o tempo de internação costuma ser de 2 a 5 dias. A reabilitação pode incluir fisioterapia, fonoaudiologia ou acompanhamento psicológico, dependendo da região operada.
Em muitos casos, o paciente:
- Tem redução significativa ou eliminação completa das crises;
- Passa a utilizar menos medicamentos;
- Recupera autonomia, volta a estudar, trabalhar ou dirigir;
- Melhora sua qualidade de vida e bem-estar emocional.
Os resultados são melhores quando a epilepsia tem foco bem definido e o procedimento é realizado por um centro de referência.
Cirurgia para epilepsia: vale a pena considerar?
Sim! Quando bem indicada, a cirurgia para epilepsia pode mudar completamente a vida do paciente. Ela oferece uma chance real de controle das crises e recuperação da qualidade de vida.
Se você ou alguém próximo está enfrentando crises frequentes, que não melhoram com o uso de medicamentos, não adie o cuidado.
O Dr. Edson Bernaldino, neurocirurgião no Jardins – SP, é referência no tratamento de epilepsia refratária e realiza uma abordagem individualizada, humanizada e baseada em evidências.
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